Na
ultima semana de Julho de 2013, a cidade do Rio de Janeiro recebia jovens do
mundo inteiro. A juventude planetária viera ao Brasil para a 28º Jornada Mundial
da Juventude, onde a grande atração era, sem dúvida alguma, um argentino recém-eleito
Papa da Igreja Católica Romana, Francisco I.
Sammis e eu, olhando o túmulo de Drummond |
Em
um destes dias da semana na Jornada Mundial da Juventude, eu; na companhia de
outro jovem poeta, Sammis Reachers, nos encontrávamos dentro do cemitério São João
Batista, debaixo de um pequeno chuvisco, procurando o túmulo de Carlos Drummond
de Andrade, o maior poeta brasileiro do século passado. Este enorme cemitério,
lotado palmo a palmo de catacumbas, formando muitas ruelas e labirintos, faz
com quer qualquer pessoa pene na busca dos mortos. Assim, com quase quarenta
minutos de procura pelo túmulo de Drummond, crescia em mim grande apreensão; como
medo que o chuvisco aumentasse, e que Sammis Richard se aborrecesse; fazendo com
quer nosso primeiro encontro se tonasse algo desastoso. Embora meses antes ele concordasse
em visitar comigo o mausauléo de Drummond, não sabia o tamanho de sua paciência no
descer e subir escadas, percorrendo labirintos entre defuntos, debaixo de
um chuvisco. Na apreensão da busca, se um coveiro não tivesse aparecido na solidão macabra do lugar,
não teríamos conseguido encontrar o túmulo, feito de lápide simples e mármore
preto, escrito em cima família Drummond. Após ter limpado o mesmo com
vassoura e um pano molhado; ter entregado um buquê de flores naturais (feita
por Sammis e eu com flores plantadas no próprio cemitério, no qual acho que
Drummond gostou), e o tirar de fotos; declamações de vários poemas do poeta visitado;
soube enfim que Sammis não era um amigo passageiro, porém um companheiro pra
vida toda.
Minha amizade com o poeta Sammis Reachers
aconteceu através da internet, e cresceu socialmente via celular e facebook, um
tipo moderno de relacionalmente primeiro para mim. Durante dois anos de falas,
risos e debates virtuais, uma amizade forte gerou entre nós dois, mesmo longes
milhares de quilômetros e sem contato físico e sensorial, preciso. E isso nos
fez marcamos um encontro pela primeira vez.
Este meu amigo é um dos mais talentosos, profícuo
e generoso poeta brasileiro da atual geração. Autor de seis antologias poética pessoal e de mais de dez antologias com objetivos
sociais e missiologico. Nós dois carregamos
muitas coisas em comum: somos poetas com personalidades sensibilíssimas; idade
igual; militância pela popularização do verbo poético na sociedade cristã;
promotores e pensantes da Missio Dei; e protestantes por opção. A única
diferença latente entre nós dois n’aquele momento era que estava esperançoso para ver um papa pela primeira vez, e ele
queria longa distância do pontífice católico. Sammis repugna a tradição Católica
e o ecumenismo entre os segmentos históricos da cristandade; e eu, bem, eu
desde criança lia e estudava sobre papas e queria muito ver e ouvir um ao vivo.
Pode parecer entranho duas pessoas amigas por
meios tecnológicos marcarem o primeiro encontro num cemitério. Mas, a razão era
que visitaríamos o túmulo de um dos gênios da literatura mundial, um dos nossos
ícones. E quando isso foi combinado por minha sugestão, Sammis já planejava ir
num cemitério fotografar túmulos para ilustrar um livro de contos. Por esse e
demais desejos sincrônicos, sabemos que nossas almas estão hoje fortemente
interligadas.
Então, defronte uma banca de flores e do
famoso cemitério brasileiro, meu amigo vestindo jaqueta marrom e camisa
vermelha, um pouco gordo, apareceu num dos cantos de rua do bairro São João
Batista. Pelas fotos e trajes já comunicados, sabíamos quem éramos. Aceno com a
mão, enquanto ele passa a rua, vindo ao meu encontro. Houve o aperto de mãos e o
primeiro abraço.
- Sammis Reachers, falei.
- Francisco, meu irmão, ele respondeu.
A emoção do primeiro encontro; do primeiro
abraço com alguém que se ama sempre marca. É sempre lembrada. E neste dia, além
da emocionante visita ao túmulo de Drummond, visitemos no percurso os túmulos
de Cecília Meireles (que eu já conhecia), Alberto Santos Drummond, Cazuza e Tom
Jobim. Entre pose de fotos, gritos e falas no cemitério, discutimos sobre
livros, poesia; nossa fé em Cristo, teologia, o papa Francisco. Ali entre
mortos ilustres e desconhecidos, nos completávamos na consolidação de uma
amizade verdadeira. Éramos partes um do outro, cuja poesia e Cristo unificavam
com força motriz.
Durante os dois dias que ainda permaneci no
Rio de Janeiro, nos turnos livres do serviço de Sammis, percorremos o centro
histórico da cidade maravilhosa; visitemos museus; atravessemos a baía de
Guanabara de barca; fomos as cidades de Niterói e São Gonçalo. Bebemos vinho.
Caminhemos pela Lagoa Rodrigues de Freitas e pelo calçadão de Copacabana, até encontramos
e fotografarmos a famosa estátua de Drummond sentada, onde Sammis quase via o
Papa Francisco.
Ainda
hoje, em qualquer canto do país onde estou, Sammis e eu continuamos em constantes
diálogos via celular e redes sociais, ora discutindo nossas ideias literárias;
ora livros que trabalhamos e pedindo
oração um pelo outro. Ele me aproxima mais de Deus; como da beleza da vida
e da poesia. É um amigo que me motiva a seguir meus objetivos em prol da
humanidade, dos índios, do meio ambiente, das artes. Embora nossos círculos de
amizades sejam grandes, tanto ele como eu já reconhecemos que nossa amizade tem
laços e peculiaridades distinta e bastante intimista. Coisa que cultivamos, gostamos
e que nos trazem bastantes felicidades.
Lápide do Túmulo de Carlos Drummod de Andrade |
Sammis, pose entre anjos e túmulos |
Nós no túmulo de Cecília Meireles |
Pose com a famosa estatual de Drummond em Copacabana |
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