Um grupo de
sete cientistas liderados pelo Dr. Roberto Iannuzzi, professor de paleontologia
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estiveram nesta-sexta – feira(
11/04), na cidade de Duque Bacelar/APA dos Morros Garapenses em visita e
trabalho de observação aos sítios paleobotânicos do município, descobertos em 2006, e considerados um dos mais
expressivo do Brasil. Essa foi a maior comitiva de cientistas que desde a
descoberta dos sítios fosséis vieram a cidade observar os troncos de árvores
petrificadas, que segundo os evolucionistas são da era do permiano, possuindo
aproximadamente 260 milhões de anos.
A comitiva de cientistas organizada pelo Dr.
Roberto Iannuzzi, foi formada por Guilherme Cruz ( UFRS), Tatiane Marino
Tavares ( UFT), Agostinha Pereira (CHNA-MA), Eliane de Souza (UEMA), a
arqueóloga Domingas Conceição (UFPI), e elsalvatoriano Juan Cisnesso, único
estrangeiro da equipe. O objetivo da visita deles foi observar o
potencial destes sítios fosselíferos, mapeá-los para um cadastro, como
estudá-los, algo previsto para a arqueóloga Domingas Conceição fazer como parte de sua tese de mestrado em
Geociência, que iniciará neste semestre pela Universidade Federal de Pernambuco.
Tendo conhecimento alguns anos da existência
e grandeza dos sítios de Duque Bacelar, através do Centro de História Natural e
Arqueológia do Maranhão, o Dr. Roberto, que já foi Presidente da Associação
Nacional de Paleontologia, estando na região em estudos na bacia do Parnaíba,
entrou em contato com Agostinha Pereira, em São Luis. Ela entra em contato com o
ambientalista Francisco Carlos Machado, que mostrando a importância da vinda dos
cientistas, marcaram a data do encontro. O Dr. Roberto Iannuzzi, havia
contatado a Dra. Tatiane Marino, que vindo do Tocantins, se junta aos demais
cientistas que já se encontravam em Teresina (PI).
Duque
Bacelar - Estando na cidade o grupo inicialmente se encontrou na casa do
ambientalista Francisco Carlos Machado. Após almoçarem no restaurante do Bida, foram conhecer o
terreno que futuramente sediará o Centro Administrativo da APA dos Morros
Garapenses, onde se planeja também construir um museu de paleontologia
regional. Depois foram ao escritório da ABAMA analisar alguns fosseis de
troncos petrificados e molusco pré-histórico encontrados no município. O roteiro
continuou com os setes cientistas e mais os ambientalistas Francisco Carlos e
Bingô, indo em dois veículos rumo ao primeiro sítio paleobotâncico da visita, o
da “ Grande Diva ”, onde se encontra um dos maiores fóssil vegetal em posição
de vida do Brasil.
Ambientalista abrindo a trilha |
Ao chegar no local, devido a mata fechada pelo inverno, e a
obstrução de uma antiga vereda que levava ao sítio, os dois ambientalista que
guiavam a equipe tiveram muito dificuldade para encontrar, e acabaram abrindo uma nova
trilha na mata. Depois de muitos minutos adentrando a vegetação, foi encontrada a “
Diva ”, espetacular tronco petrificado de mais de dois metros de altura. O Dr.
Roberto e os demais cientistas ficaram maravilhados com o que viram,
confirmando que a “Diva”, não é somente um dos maiores troncos em posição de
vida do país, mas a maior já notificada. A Dra. Tatiane Marino que
trabalhou e estudo os sítios paleobotânicas da Unidade de Conservação Monumento
Natural de Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins (o maior do Brasil),
revelou não haver nada igual ou parecido no UC daquele Estado igual a “ Diva”, concordando
com os demais cientistas, ser a “ Diva” única.
Dr. Roberto Iazzunni fotografando Diva |
A grandeza
dos troncos paleontológicos da “Diva” e os outros encontrados em posição de
vida em Duque, ou seja, quando ocorreu o fenômeno que os levou a fossilização,
eles continuaram no mesmo lugar que nasceram e cresceram a milhões ou milhares
de anos. Algo raro de encontrar no mundo. Onde são pouquíssimos os fosseis
vegetais encontrados nesta situação.
Embora a Diva seja algo belo de se ver, sendo um
patrimônio para a ciência mundial, devido depredações humanas do passado, como
as ações do tempo, ela está tombando, correndo sério de cair. Devido esse
diagnóstico bastante visível, os cientistas em visita ficaram preocupados, o
que levou mesmo dentro da floresta fazerem breve discussão de como todos
podem colaborar para isso não acontecer. Assim ficou certo que Agostinha
Pereira e Francisco Carlos reiniciaram outros diálogos com a SEMA-MA e a SECMA,
e demais instituições com UFMA e DNPM, na busca de parcerias em conjuntos para
salvar a “Diva”, e demais troncos desses sítios. Num ato simbólico, o grupo presente antes
de sair do sítio deu um abraço na Diva, se comprometendo em trabalhar
para ela ser salvar, essa que é o maior tronco petrificado em posição de vida do
Brasil.
A expedição deu continuidade rumando a outro sítio, conhecido como das “Pedras Brancas”, distante uns cinco
quilômetros do primeiro. Ao chegar, algo de mais terrível fora visto. Alguns
fosséis foram destruídos pelo pessoal do Departamento de obras da Prefeitura,
na recuperação da estrada vicinal, em um povoado. Essas pessoas desconhecendo
a existência dos sítios quebraram com tratores os fosséis e espalharam no meio
da estrada, onde estão em situação mais vulnerável, podendo desapareceram de
vez. O ambientalista Francisco Carlos Machado ficou comovido, além de muito
chateado, pois já tinha avisado da existência desses sítios no local. Tendo visto alguns
troncos soterrados na estrada, ele com os cientistas os escavaram, tentando os
deslocar pra longe da estrada. No passado esse sítio, por pura ignorância, foi muito danificado pelo
grupo João Santos e a prefeitura de Duque, o que não mais
justifica o ocorrido, pois é de conhecimento a existência dos fosseis no local.
Francisco Carlos cavando tronco |
No final do dia, logo depois de deixarem o
sítio das “Pedras Brancas”, o grupo foi na casa do vice-prefeito de Duque
Bacelar, no povoado Água Azul para denunciar o ocorrido, mas o mesmo não se
encontrava. Ficou certo dos ambientalistas locais voltarem para resgatarem os troncos.
No balanço sobre a visita dos cientistas, Francisco Carlos ver muita oportuna e muito importante. As articulações anteriores,
que fechadas na visita, propiciarão com quer mais uma tese de mestrado sobre os fosseis
seja feita, trazendo mais conhecimentos para os trabalhos de educação ambiental e preservação, como
levará mais entendimento sobre o passado pré-histórico não somente da região da
APA dos Morros Garapenses, mas de todo Brasil. Outro ambientalista, Bingô, que
visitou pela primeira vez os sítios disse ao Folha do Garapa nunca ter
visto algo igual, sendo de fato muito importante trabalhar para salvar esses
fosseis.
É preciso alerta à comunidade que os fosseis
são patrimônios muito importantes para ela, podendo propiciar turismo
científico e ambiental, mas que requer um planejamento e respeito até esse
potencial ser executado, que inclui o coibir do vandalismo por parte das pessoas
e apropriação indevida dos fosseis, além da punição pelas leis Federais, por os mesmos
serem patrimônios e riqueza de todos, bens culturais nacionais.
Dr. Ricardo, Domingas, Juan, Agostinha e Tatiane |
Guilherme fotografando tronco fossilizado |
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